E O BAR FAMA?
INFLAMA!
Aliás, esse é o lema do bar que fica na região central, próximo ao largo do Arouche.
Faz tempo que fui lá, mas fui algumas vezes e as recordações ainda estão comigo, como se tivesse sido ontem o momento que eu e meu fiel escudeiro chegamos pela primeira vez, para conhecer.
Era uma época que fazíamos tour de inferninho a inferninho, as vezes 3 em uma única noite.
Frequentávamos muito a saudosa Paradise, que era tida como o inferninho dos cafuçus, na Avenida São João. Depois que nos entediávamos, procurávamos outro local, para finalizar a noite.
Na minha lista de locais estava o Bar Fama, que só tinha ouvido falar e, inclusive, era um ponto de encontro pós-Paradise e outros locais.
Uma informação me fez querer ir: tinha boys!
Estávamos a pé. Quando nos demos conta da localização, já no meio do caminho, lembramos que chegar inteiros era o primeiro desafio. O medo estava em nós dois, mas apenas eu demonstrava. A cada cafuçu que cruzávamos madrugada a dentro, eu tinha a sensação, que aquela noite não acabaria bem. Pode parecer exagero, mas quem conhece a madrugada na região central sabe do que estou falando.
Por fim, chegamos na porta do bar e parecia estar fechado. É assim mesmo. Uma portaria discreta e um rapaz simpático nos recebeu. Nos deu duas comandas de papel e fomos procurar um lugar para nos recuperarmos dos sustos do trajeto. Nos deparamos com um bar razoavelmente cheio e pude notar que muitos dos clientes da sauna estavam lá. Ocupamos uma mesa e pedimos algo para beber, enquanto tentávamos não comparar o ambiente com nada que já conhecíamos. A luz era um pouco baixa. Atrás do balcão, a simpaticíssima Lady Fama e outros auxiliares. Na parte próxima à portaria, havia uma mesa de bilhar e alguns cafuçus, jogando e falando alto, como quem quisesse demonstrar força ou domínio de território.
Estávamos nos acostumando com o ambiente quando, lá pelas tantas, um cafuçu veio à nossa mesa e pede permissão para sentar. Assim como esse fez, em volta, cafuçus tentavam garantir seus espaços, seus pernoites em pensões da região e sabe-se lá o que mais. Permitimos que ele sentasse, mas mantivemos a diálogo a dois, o que fez com que ele se sentisse rejeitado. Perguntou se não queríamos "nada" e diante da negativa, perguntou se poderíamos ajudar com algum valor que não me recordo, para ele pagar o pernoite na "pensão". Não demos.
No palco, alguns garotos bem exóticos ensaiavam passos de gogoboys, girando e fazendo movimento ao som de uma música pesada, abafada em um ambiente de pouco espaço e poucos equipamentos sonoros.
ESTÁVAMOS RELAXANDO...
Uma cortina de cor lilás ou daqueles penduricalhos separava o ambiente do bar do que parecia ser os banheiros. Curioso como sou e sempre ligado no movimento, no entra e sai de pessoas, no vai e vem de cafuçus, eu quis ver o que se passava no outro lado das cortinas.
Cafuçus se amontoavam, bichas paqueravam, aquendavam, se pegavam por entre caixas de cervejas amontoadas e no que parecia ser um pequeno dark-room, na área dos banheiros. As portas dos dois banheiros fechadas e gemidos e barulhos de corpos, davam sinais das coisas que aconteciam ali, enquanto eu estava sentado, preocupado com a voz alta dos boys no bilhar.
Fiquei observando um pouco e voltei pra minha mesa. Meu lugar estava ocupado por um senhor bem simpático, que estava num papo feliz com meu escudeiro. Já se conheciam e foi justamente naquele bar que por acaso se reencontraram para trocar figurinhas. Puxei outra cadeira e meio que ignorando o visitante, fui contar os babados pro meu amigo. Este me deu um tapa na mão e perguntou se eu não estava vendo que ele estava conversando (vaca!). Formalmente apresentados, nós três passamos a dividir a mesma mesa e, por fim, contei tudo que havia visto atrás da cortina. Estávamos felizes e quase bêbados, quando fomos interrompidos por um barulho. Uma confusão acontecia numa das mesas ocupada apenas por cafuçus. Um barulho de vidro sendo quebrado, pedaços de garrafa começaram a cair no chão, mas logo os ânimos foram acalmados. Nas outras mesas e no palco, tudo seguia na normalidade. Com a pequena briga, nos demos conta de que muita coisa trash já havia acontecido naquela noite e que, talvez, o voar de garrafas fosse um sinal para irmos embora. Fomos.
Voltamos mais uma duas vezes e eu já me sentia em casa.
Como disse um leitor,
Toda bicha tem que passar pelo menos algumas horas no Fama.
By Madame K
Amo os seus kausos, você deveria escrever um livro por que me fes lembrar da minha juventude todinha, quase exatamente como aconteceu.
ResponderExcluirCheguei no seu blog através do volupia e achei massa. Fiquei encantado com o seu jeito de escrever e descrever as coisas, conte mais por favor.
ResponderExcluirNão tem mais historia dos inferninhu?
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